segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Helena Coelho! Dona Helena!


(Fotografia: Helena Coelho)

Helena Coelho, Dona Helena, ou ainda tia Neinha para o familiares, nasceu em Capim Grosso (hoje Curaçá), no Estado da Bahia, no ano de 1897.
Filha de João Coelho, retratista itinerante, que ganhava a vida fotografando gente e coisas, pelos tortuoso e adustos caminhos dos sertões da Bahia, de Sergipe, da Paraíba e do Rio Grande do Norte.
Helena foi criada num ambiente propício ao conhecimento das técnicas e linguagens da fotografia. Embora, a profissão do pai ter inviabilizado o convívio diário, fora, conjuntamente com sua irmã Lúcia, criadas pelos tios Manoel Coelho e Maria Bezerra, moradores na cidade de Assú/RN. Mesmo distante do pai, pelos motivos da profissão itinerante, mantinha um forte vínculo afetivo com ele, como afirmou em uma entrevita concedida ao jornal O Poti.
- Às vezes, ele me deixava na casa de um parente. Eu não gostava, gostava de estar com ele, sentia muita falta dele. Às vezes, ele ia na frente arranjar lugar, alugava uma casa para quatro, cinco meses e vinha me buscar.
Com a morte do tio Manoel Coelho no ano de 1919, Helena Coelho, ainda adolescente, inicia sua atividade fotográfica auxiliando seu pai. Eram os primeiros passos, no aprendizado do ofício. Quanto a este fato, ela afirma:
- Eu lavava as fotos para ele (...) fazia tudo, tirava a foto, revelava e aprontava (...) fotografava de tudo, de casamento a defunto. A primeira foto foi de um anjinho, a família touxe o caixão lá para casa.
Atuando como fotógrafa itinerante, se estabelecia de cidade em cidade para uma temporada registrando as recordações fotográficas de grandes momentos da vida cotidiana: noivados, casamentos, batizados, encontro de amigos eventuais álbuns de família.



(Fotografia: Helena Coelho)

No início dos anos 1930, a convite do renomado médico Mariano Coelho, seu parente, José Coelho e suas filhas fixam residência na rua do Rosário, na cidade de Currais Novos/RN, inaugurando um pequeno estúdio. Ao mesmo tempo, continua sua itinerância foográfica mantendo também um pequeno laboratório na cidade de Assú/RN, até o ano de 1946, ano do seu falecimento.
Enquanto isso, Dona Helena consolida sua profissão na cidade de Currais Novos.
Helena usava uma máquina francesa com lentes barrel, presente do pai, fabricada em 1920 e feita de cedro, com a qual manteve por mais de trinta anos uma clientela cativa, cobrando preços módicos (4$000 réis pela dúzia e 15$000 pelas fotografias maiores).
Dona Helena trabalhava incansavelmente, certa feita, fotografou todas as ruas da vila de Cerro Corá, por encomenda da família Pereira Araújo. Gostava de falar sobre seu ofício e seu cotidiano.
- Em época de eleição, eu ia para os sítios tirar foto dos eleitores, depois ia para casa trabalhar, e no outro dia eles vinham buscar.
Por trinta anos trabalhou na cidade de Currais Novos, quando em 1962, aos 65 anos, aposenta-se e muda-se para a cidade de Natal, deixando um obra fotográfica das mais significativas que se realizaram no estado do Rio Grande do Norte.

(Texto de Willian Pinheiro e Mayara Costa)


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